O FORRÓ DE RAIZ SOBREVIVE EM SERTÂNIA-PE ATRAVÉS DOS TRIOS PÉ-DE-SERRA
A cultura junina sem o autêntico forró, morre. Precisamos dizer aos donos de quadrilha que o brilho maior é o trio pé-de-serra, meu fí!
Andando pelas ruas em uma manhã de sábado pré-são joão no município de Sertânia-PE o clima junino exala o perfume da alegria nas esquinas do centro da cidade.
As lojas, farmácias, supermercados, fazem o papel de manter viva a tradição junina dando vez aos grandes trios de forró pé-de-serra. O som do forró raiz ecoa e o sentimento lindo do mês de junho toma conta do povo.
Sertânia sempre se destacou por sua veia rica nos ramos da árvore da cultura de raiz. No mês de junho as expressões culturais juninas tomam conta das escolas e dos bairros. Danças, comidas, bombinhas e chuvinhas. As quadrilhas frenéticas dão agito e festejam os santos de junho, só não festejam os agentes da alegria que deram luz a esta tradição tendo como grandes nomes Dominguinhos, Flávio José e o maior, Luiz Gonzaga. Sempre exaltados por Lula sanfoneiro e seus alunos que hoje mantêm viva a tradição. Assim como Deysiane, César Amaral, Luiz Wilson, Fernando que se foi, Seu Bigode que se foi, Jairo Novinho, Zé Tavares que se foi, Severino Vitalino que se foi, e outros que distribuem alegria por nossas esquinas.
Ver uma quadrilha querendo brilhar em qualquer arraiá sem o toque mágico do pé-de-serra é ficar só na vontade. O brilho some.
Sem o som retumbante da zabumba, o tilintar do triângulo e o ressoar da sanfona tendo uma voz de um artista anônimo que neste momento brilha imponente nos palcos aleatórios da maravilhosa encantada festa de São João, a quadrilha fica incompleta.
Mas a bem da verdade que esses artistas deviam ter uma atenção maior de quem investe em cultura em Sertânia. Na minha opinião, cada momento de festa neste mês de junho deveria ter dois ou três trios pé-de-serra fazendo o forró de verdade. Aliás, devia ser obrigação!
Hoje temos o lobby da mídia e o poder dos paredões, educando a juventude a consumir o que eles querem e passando como um trator sob as raízes culturais de cada região. Que fique claro que curto também qualquer ritmo não sou fanático radical opressor musical. Mas acho que o que seja raiz pode tocar no mesmo palco que qualquer sertanejo, roqueiro, eletrônico ou metal estilizado.
Esquecer nossos arautos da música nordestina junina é jogar terra na cova que se cava menosprezando a nossa rica cultura junina.
Bora reparar este erro enquanto ainda dar tempo. Pois se assim não for, os trios pé-de-serra só existirão nas mídias digitais e olhe lá.
No mais, viva o que é nosso e que luta contra o novo que vem e invade os terreiros sem respeitar o dono casa.
E como disse o Pai de Luiz Gonzaga: "Luiz, respeita Januário!"
Forró tem pai, menino!
VIDA LONGA AOS TRIOS PÉ-DE-SERRA DE NOSSA SERTÂNIA!
Wilton Augusto de Almeida
Professor
Ator, Escritor Teatral, Sindicalista, Produtor Cultural e Ativista Cultural.
Presidente da Associação Cultural de Sertânia - ACORDES
Comentários
Postar um comentário